22.05.2009 - 11h16 :, Helena Freitas/Lusa
O advogado em início de carreira João Cordeiro dos Santos tinha 36 anos celebrados há cinco dias quando, a 28 de Novembro de 2007, ligou o portátil para participar numa feira de trabalho virtual na plataforma Second Life."Estava um bocado reticente, não fosse tratar-se de alguma brincadeira, mas fiquei agradavelmente surpreendido com as empresas que tinham pavilhões na feira: o banco Dexia, a seguradora Lombard ou a empresa de recrutamento Manpower", explicou à Lusa, a partir do Luxemburgo, onde está a trabalhar desde 14 de Abril de 2008, na sequência de contactos estabelecidos nesse certame digital.
Na feira, intitulada Working Worlds e que naquela edição era orientada para o Luxemburgo, João Santos estabeleceu três contactos, "um dos quais viria a gerar uma oportunidade real de trabalho" que levou o jovem licenciado na Universidade Moderna de Lisboa a ingressar na empresa Vistra como consultor jurídico.
Descrevendo o processo, João Cordeiro dos Santos, que soube da feira digital pela rede profissional Xing, apresentou o certame como "estar dentro da FIL mas num ambiente completamente virtual".
Recorrendo a um avatar (figura animada que representa a pessoa que a comanda através do computador), João trocou informações em tempo real com os funcionários de várias empresas que tinham pavilhões virtuais na feira do Second Life e, passados três meses, recebeu um e-mail da Vistra a perguntar se ainda estava disponível.
"Disse que sim e pedi-lhes para me pagarem um bilhete de avião numa companhia 'lowcost' e a estadia num hotel barato. Eles aceitaram, eu apanhei um avião no Porto e, chegado ao Luxemburgo, fui submetido a uma entrevista de três horas", contou à Lusa.
Ficou com o lugar na Vistra - empresa na área de planeamento fiscal internacional e na constituição de empresas, que presta serviços a multinacionais, investidores e empresários - e manteve-se no cargo até que, um ano depois, em Abril, "extinguiram o posto, devido à conjuntura de crise internacional".
De novo disponível, João Santos aposta agora noutro espaço digital, o LinkedIn, uma rede de negócios criada em Dezembro de 2002 que tem mais de 30 milhões de utilizadores registados.
"Soube que ia ficar sem emprego numa segunda-feira. Na quinta-feira actualizei o meu perfil do LinkedIn e, nessa mesma tarde, comecei a receber contactos de caça-talentos: de uma empresa de Dublin, de outra em Londres e de uma no Luxemburgo", contou à Lusa, explicando que ainda aguardar outras ofertas para se decidir.
O consultor alertou, a propósito, que "actualmente também já há caça-talentos portugueses no LinkedIn", pelo que quem estiver à procura de emprego qualificado "pode tirar muito proveito desta rede, que ainda é pouco popular, muito executiva mas funciona".
Arranjar trabalhos sem “cunhas”
As redes profissionais online permitiram-lhe "ter experiência e dar um novo alento à carreira sem recorrer a ‘cunhas’ ou a padrinhos e sem fazer parte de organizações ou grupos de pressão", sublinhou, acrescentando que está a gerir a carreira a nível internacional "sem ter Portugal nos planos".
"O mercado de emprego português trata muito mal os licenciados e quem tiver o mínimo de inteligência sai de Portugal, podendo aproveitar as novas tecnologias para o fazer", reiterou o consultor, dando o exemplo de outras redes que começam a ser exploradas por portugueses.
"Há funcionários da Qimonda a colocarem perfis na rede Xing. E não são nem um, nem dois", garantiu, acrescentando que "estão a fazê-lo porque a Qimonda foi à falência e eles vão precisar de encontrar soluções para as suas carreiras a breve prazo".
Certo de que o futuro de muitos profissionais pode passar por este tipo de redes, João Cordeiro dos Santos afirma-se disponível para "ajudar graciosamente qualquer pessoa que queira colocar o perfil no LinkedIn".
Nenhum comentário:
Postar um comentário