118
os lábios movem-se,
movem-se lentos os lábios,
entrecortando o rumor do respirar,
cicatrizando, nos instantes, os fogos que se ateiam sob a pele,
suspirando! suspirando apelos,
novelos de espasmos que descem à boca,
pressentindo a saliva na interior rugoso do beijo
movem-se os lábios
lentos, os lábios
tensas e finas linas que separam, tenuemente, os horizontes
e cortam o sangue que se pressente, pulsante,
escorregando no tortuoso gemido do acaso,
quando a língua escava e sulca, desbrava e conquista,
os arrepios das vermelhas folhas, levadas pelo vento
à conciliação do beijo,
que adivinhinando no percurso do orvalho, desenha pudores no teu peito
(um pássaro chamado "desejo" queima!)
os lábios movem-se,
movem-se lentos os lábios,
conspirando, na fulguração do simulado toque, a (tua) cama improvisada.
ISIN 989-95000-0-3
Nenhum comentário:
Postar um comentário