A propósito de um post anterior deste blog "imagens infelizes" onde se pretendeu dar uma imagem daquilo que as pessoas neste momento sentem em Portugal, hoje fui confrontado com mais um artigo com o título sugestivo: "O estado a que chegámos..." de Sandra Monteiro, na edição portuguesa do "Le Monde Diplomatique". E começa assim o artigo:
"«Não foi para isto que se fez o 25 de Abril», afirmou recentemente o ministro da Justiça, Alberto Martins, a propósito das fugas de informação que violam o segredo de justiça. Mas a frase repete-se por aí, dos desabafos entre estranhos nos transportes colectivos às conversas mais ou menos privadas que unem as pessoas para quem a mais forte memória, vivida ou transmitida, de um tempo em que como comunidade nos empenhámos na construção de um futuro de liberdade e justiça social foi, justamente, o 25 de Abril.
O sufoco que se instalou na vida de todos os dias e o aparente bloqueio de qualquer alternativa que possa visar o bem-estar colectivo contrapõe-se hoje à sensação, naquele período experimentada, de abertura de um campo de possibilidades e de expectativas em relação a um futuro que só se imaginava melhor."
e continua...
"No país com maior desigualdade de rendimentos da União Europeia e com níveis assombrosos de pobreza, e até de pobreza laboral, o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) optou por combater o défice reduzindo cegamente os apoios sociais. O sociólogo Pedro Adão e Silva já classificou essa solução como«ideologicamente errada e politicamente preguiçosa», clarificando a escolha de fundo que estava em causa na elaboração do documento: «garantir a sustentabilidade de direitos ou, tomando o PEC à letra, fazer regressar a rede de mínimos sociais à lógica discricionária do passado». O economista José Reis, por seu lado, afirma que «o PEC português tem opções controversas, orientações desequilibradas e consequências injustas e assimétricas», motivo mais do que suficiente para se intensificar o debate sobre as medidas que prevê (ver artigo nesta edição)."
Nenhum comentário:
Postar um comentário