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chegar a um instante da noite e chamar o teu nome,
marcá-lo como separação, entre palavras, nos livros e recortá-los na pele,
devagarinho
a cada letra um contorno de dor atenuando sem cessar o tempo,
com o beijo dos dedos,
para logo a seguir os afundar.
pintá-los de vermelho profundo para que,
num primeiro olhar,
se fundam com a língua que sulca o rio denso,
convulso,
desnudado do rasgo maior ou mais exposto do canto inferior,já fora da letra segunda.
esventrei o teu nome.
agora banho-me em delírio no oceano licoroso que se forma a teus pés
e
torno-me escorregadia,
uma serpente ondulante que irrequieta e enrosca nas tuas pernas.
olho-te de baixo para cima e ainda te lambo,
devagarinho,
enquanto canto o sono:
"ofereço-te a redenção se no teu ventre aberto me deixares dormir"
ISIN 989-95000-0-3
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