segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Criança em Ruínas, José Luís Peixoto – p.82

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços, a tua pele será talvez demasiado
[bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
num uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não
[estragar
a perfeição da felicidade.

*José Luís Peixoto – A Criança em Ruínas, Quasi
p.82 – um dia, quando a ternura for a única regra da manhã

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